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A propósito da substituição do Ministro da Cultura, no dia 14 de outubro de 2018, damos a conhecer as considerações feitas algumas horas depois pelo Presidente da Associação, a pedido da Agência LUSA

 


 LUSA

 

A acção ministerial que tem vigorado não é a que mais considera ou aprecia o Património Cultural Imaterial Português, pois tem prosseguido uma política dissentida das expressões culturais imateriais tradicionais.

O quase exangue serviço público que neste domínio tem sido prestado (assentando quase exclusivamente no matrizpci, um dispositivo online), mais conforme unicamente com a «cultura imaterial de gabinete», pressupõe uma alternativa clara à actual situação.

Não esqueçamos que a partir da entrada em vigor da Convenção da UNESCO no nosso país (Agosto de 2008), Portugal ficou comprometido em adoptar valorizadoras medidas sistemáticas. Ou seja, uma situação nova que vença a secular apatia, insensatez ou incúria com que o património etnográfico tem sido tratado, particularmente o incorpóreo. Contudo, tem faltado, decididamente, uma política assente numa concepção cultural integradora, que compreenda sem subalternidade ou supremacia a cultura material e imaterial.

De facto, a letárgica e inóspita actuação do ex-Ministro da Cultura exibiu desconhecimento ou incompreensão quanto ao valor do património cultural, entendido este na sua globalidade (material e imaterial), o que foi deveras lastimável e retrógrado, porque desinserido dos caminhos do futuro que a própria UNESCO vem abrindo. Note-se que Portugal conta hoje já com sete manifestações culturais imateriais reconhecidas pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade (Fado, Dieta Mediterrânica, Cante Alentejano, «Arte Chocalheira», Olaria Negra de Bisalhães, Falcoaria e «Bonecos de Estremoz»).

Assim, fazemos votos para que a actuação da nova ministra Graça Fonseca venha contribuir para alterar significativamente o lamentável panorama existente, isto é, a actual política de salvaguarda e valorização do nosso Património Cultural Imaterial.

 

Luís Marques

Presidente da Associação Portuguesa para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial

 

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