Faleceu Gilberto Grácio, um dos mais destacados guitarreiros portugueses (1936-2021)
Faleceu no dia 1 de novembro Gilberto Grácio, um dos mais destacados guitarreiros portugueses (1936-2021). O património cultural imaterial português perdeu assim um dos seus mais ilustres representantes.
Este mestre guitarreiro era o herdeiro de um conhecimento transmitido ao longo de várias gerações no seio da família Grácio. Era ele o último dos Grácios a construir estes cordofones tradicionais.
Note-se que foi o seu pai, João Pedro Grácio Júnior quem, em colaboração com o guitarrista Artur Paredes (pai de Carlos Paredes), criou a chamada Guitarra de Coimbra, tal como a conhecemos nos nossos dias.
O mestre Gilberto Grácio veio também a construir um novo cordofone, a que chamou guitolão, que tem vindo a ser tocado pelo guitarrista António Eustáquio.
Nas duas últimas décadas dedicou-se também a transmitir o seu saber-fazer tradicional em diversos cursos. Foi com ele que aprendeu Hugo Madeira que se veio a assumir como grande entusiasta desta profissão tornando-se agora, inegavelmente, o seu mais direto seguidor: "O Hugo não é meu filho, mas é como se fosse. Ele tem tudo o que é preciso para dar continuidade às guitarras Grácio: boas mãos - as mãos são o mais importante nisto - e humildade. É ele que vai dar continuidade às guitarras e, sobretudo, ao timbre das guitarras Grácio. Tenho a certeza" (In jornal «Observador», Lisboa, 2016.12.08).
Em outubro de 2002, Gilberto Grácio foi condecorado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a "Comenda da Ordem do Mérito", e em 2012, a Câmara de Lisboa, entregou-lhe a "Medalha de Mérito Municipal", grau Ouro.
Luís Marques
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