Faleceu Benjamim Pereira
Comunicado enviado à Agência LUSA, a propósito do falecimento de Benjamim Pereira, uma das figuras mais destacadas da antropologia portuguesa.
Foi com grande tristeza que tomámos conhecimento do falecimento de Benjamim Pereira, um dos mais eminentes defensores da cultura portuguesa.
A importância do seu trabalho só tem paralelo nos gratos antecedentes que a antropologia e a etnografia nos têm revelado, sobretudo em alguns dos seus pioneiros e continuadores como Adolfo Coelho, Rocha Peixoto e José Leite de Vasconcelos, ou mais recentemente P.e António Mourinho, Manuel Viegas Guerreiro e Michel Giacometti, sem esquecer, obviamente, Jorge Dias e Ernesto Veiga de Oliveira com quem Benjamim Pereira veio, aliás, a formar uma incomparável equipa de investigação (1) - de que constituía o seu derradeiro elemento - e que, para além dos valiosos estudos publicados, criou também o Museu Nacional de Etnologia (2)
A sua atividade centrando-se mais na cultura material, repartiu-se significativamente pela museologia e por modos expositivos inovadores (por exemplo, «O Voo do Arado», 1996 e «Instrumentos Musicais Populares Portugueses», 2000) revelando-se ainda preciosa no âmbito da cultura imaterial, pois na sua ação encontram-se obras fundamentais para o seu enquadramento como Bibliografia Analítica da Etnografia Portuguesa (1965),Máscaras Portuguesas (1973), Traje Popular (1977) e Têxteis - Tecnologia e Simbolismo (1985).
A generosidade de Benjamim Pereira, sempre a par com a sua enorme preocupação de rigor, o seu gosto em apoiar individual e institucionalmente (sobretudo museus) eram unanimemente reconhecidas, constituindo, certamente, em geral, um inestimável legado ou uma inspiração, em especial para a muito desejável atuação profícua quotidiana desta Associação.
2 Janeiro 2020
O Presidente
Luís Marques
(1) Com a colaboração de Fernando Galhano e Margot Dias.
(2) Posteriormente, Benjamim Pereira veio a criar o Museu da Luz, na Aldeia da Luz, em Mourão (aberto ao público em 2003).
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